quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Ontem, hoje e para sempre

Faz tempo que não escrevo nada por aqui. Em parte por conta da grande (enorme) correria das últimas semanas. E, em boa parte também, devido a um certo relaxo da minha parte.

Porém hoje pela manhã, indo para o trabalho e lendo a Bíblia, me deparei com algo muito forte e que, julguei, deveria compartilhar por aqui. Então vamos lá...

"Embora muitos dos que vieram de Efraim, de Manassés, de Issacar e de Zebulom não se tivessem purificado, assim mesmo comeram a Páscoa, contrariando o que estava escrito. Mas Ezequias orou por eles, dizendo: 'Queira o SENHOR, que é bondoso, perdoar todo aquele que inclina o seu coração para buscar a Deus, o SENHOR, o Deus dos seus antepassados, mesmo que não esteja puro de acordo com as regras do santuário'. E o SENHOR ouviu a oração de Ezequias e não castigou o povo." - 2 Crônicas 30:18-20.

Não sei quantos concordariam com a afirmação que eu vou fazer, mas isso de fato não me preocupa muito! Hehe! A verdade é que na Igreja de um modo geral, e incluo aqui a minha própria "formação cristã", há algo como que uma imagem de Deus no Antigo Testamento que o retrata como um verdadeiro tirano, inflexível, sem compaixão, sem misericórdia e totalmente legalista.

É verdade que muitos talvez nem tenham pensado nisso (eu mesmo não tinha até pouco tempo atrás), mas percebi que, ao menos comigo, isso era algo meio inconsciente. Sempre vi "o Deus do Novo Testamento" meio diferente "do Deus do Antigo Testamento", mas isso nunca foi algo declarado para mim mesmo. Essa coisa de "Era da Lei" (Antigo Testamento) e "Era da Graça" (Novo Testamento) acabava, no fim das contas, sendo algo como "Era do Tirano" e "Era do Bonzinho".

Como se Deus tivesse mudado ao longo da história! Nossa boca diz que Ele é imutável, mas muitas vezes nossos atos demonstram que cremos no contrário...

O texto citado acima (em Crônicas) se passou em um contexto muito difícil: Judá vinha de uma verdadeira gangorra no seu relacionamento com o Senhor, onde hora eles tinham um rei que cultuava a Deus, hora tinham outro que cultuava a qualquer deus. Isso gerou uma grande ira no Senhor, que permitiu que povos inimigos atacassem Judá por diversas vezes (além de outras consequências)... Judá só não foi completamente destruída porque Deus honrava a promessa que havia feito a Davi.

E eis que chegou o reinado do rei Ezequias. Ele foi um "cabra bão", que decidiu seguir fielmente a Deus e trazer o povo de volta para os caminhos dEle. Uma das coisas que ele fez nesse sentido foi chamar o povo a celebrar uma Páscoa.

Se voltarmos lá em Levítico, Números e Deuteronômio veremos que todas as celebrações que Deus instituiu eram ligadas a várias condições, principalmente no sentido de se estar purificado. Essas condições eram ainda mais rígidas para os sacerdotes, e muitíssimo mais rígidas para o sumo sacerdote.

Mas imagina só a situação: gerações e mais gerações, séculos de "corda bamba" em relação ao culto ao Senhor. E, de repente, surge um rei que resolve colocar as coisas no seu lugar devido. Mas o povo não estava em condições para tanto. Aliás, muitos provavelmente nem sabiam ao certo o que Deus esperava de um culto a Ele.

E aí surge uma realidade que nos acostumamos a atribuir apenas ao novo testamento: graça e misericórdia. Ezequias ora a Deus pedindo que ele aceite o culto que o povo estava prestando a Ele, embora as condições em que o povo se apresentava não fossem as mais adequadas. E Deus, vendo que o coração de Ezequias e do povo era sincero, e que a adoração deles era correta, aceitou esse culto!

Essa é mais uma prova (há muitas) de que mesmo no Antigo Testamento, onde havia uma realidade ritualística muito mais forte do que no Novo Testamento, Deus já estava mais preocupado com a sinceridade do nosso coração do que com a formalidade do nosso culto; e que um coração obediente e adorador é muito mais agradável a Ele do que qualquer sacrifício que se possa fazer.

Afinal, Ele é o mesmo ontem, hoje e o será eternamente (Hebreus 13:8).