terça-feira, 26 de outubro de 2010

Falando do que interessa

Esse fim de semana pude ter uma conversa muito agradável com dois grandes amigos: André (Tolentino) e Lícia (Teresa). Falamos de coisas da vida e da vida das coisas... e mencionamos também alguns assuntos que de tempos em tempos trazem polêmicas ao meio cristão.

Longe de termos entrado em qualquer embate (afinal, no nosso círculo de amizades, tudo sempre acaba em pizza! hehehe!), a conversa me lembrou um alerta dado na carta escrita para Tito, no capítulo 3, versículo 9:

"Evite, porém, controvérsias tolas, genealogias, discussões e contendas a respeito da Lei, porque essas coisas são inúteis e sem valor."

Em 16 anos de caminhada cristã, perdi a conta de quantas vezes vi "irmãos" literalmente se digladiando por causa de assuntos recorrentes, como:
  • Pode alguém já salvo perder a salvação?
  • Há pessoas predestinadas a serem salvas e outras predestinadas a não o serem?
  • Somos seres tricotômicos ou dicotômicos?
  • O batismo "correto" é por aspersão ou por imersão?
E por aí vai.

Não sei exatamente o que fez com que Paulo classificasse essas discussões como "inúteis e sem valor", mas tenho as minhas justificativas para tanto:
  1. Inúmeros, centenas, talvez milhares de teólogos por todo mundo, durante toda a história da Igreja, bateram cabeça a respeito desses e de outros tantos assuntos. E esses caras, com todo o seu conhecimento, muitas vezes dedicando a vida inteira ao estudo e à pesquisa, não chegaram a um consenso entre si. Como nós, com muito menos "recursos", chegaríamos à unanimidade?
  2. Nunca vi nenhum assunto polêmico que versasse sobre a questão fundamental do Cristianismo: Salvação. E, se pararmos mesmo para pensar, se um assunto não trata de algo que define a salvação de vidas, não vale a pena perder tempo com ele (talvez apenas "for fun").
E falando sobre Salvação, ela sim é algo muito simples, talvez por isso não cabe polêmica:
  • Todos pecaram e foram separados do relacionamento com Deus (Romanos 3:23);
  • Deus, ao se compadecer do estado de perdição do homem, expressou o seu imensurável amor ao oferecer o seu próprio Filho, Jesus, para morrer nos lugar de todos nós (João 3:16). O Justo morrendo pelos injustos (Romanos 5:8);
  • Neste ato, Jesus se fez o único elo que pode unir (religar, raiz da palavra religião) o homem a Deus novamente, tornando-nos filhos dEle (João 14:6 e João 1:12);
  • Jesus ressuscitou (Mateus 25:5-6)! A vitória dEle sobre a Morte nos traz a vida eterna (João 3:15).
Simples assim. Se Deus se preocupa muito mais com a salvação de suas ovelhas perdidas, quem somos nós para pensarmos e agirmos de modo diferente?

Eu mesmo curto uma polêmica! Então esse texto fica para a minha própria reflexão também.

Por fim, deixo uma frase que li hoje e achei fantástica (em http://www.causapropria.com.br):

“...são os relacionamentos e as experiências de vida que podem levar as pessoas a experimentar a vida cristã, e não o convencimento de que eu cheguei a uma verdade que vai derrubar a sua mentira.” - Ricardo Quadros Gouveia, professor da Universidade Mackenzie e pastor da Igreja Presbiteriana do Limão, em São Paulo, autor do livro A Piedade Pervertida: Um Manifesto Anti-fundamentalista em nome de uma teologia de Transformação.

1 comentários:

Guilherme de Almeida disse...

Acho que o problema das discussões inúteis está no desejo de se impor valores próprios aos outros. Todo mundo diz ter "A ORTODOXIA", mas é incapaz até mesmo de viver sua própria fé. Pior: nem mesmo conhece a fé que diz ter, além de ignorar a crença de outros. Assim, tento viver de forma menos hipócrita...

Ps: quem disse que um decreto de predestinação automaticamente exija um decreto de condenação para os não-predestinados?

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