quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Um bolo muito bem feito

O texto abaixo é a primeira parte da mensagem de Natal que o Max Lucado publicou essa semana. Como sempre, segue em tradução livre!



Caros amigos,

Há muitas coisas que não sabemos. Não sabemos se a economia vai afundar ou se o nosso time vai vencer. Não sabemos o que o nosso cônjuge está pensando ou quando os nossos filhos vão embora. Não sabemos nem mesmo "como devemos orar" (Romanos 8:26). Mas de acordo com o apóstolo Paulo, nós podemos ter certeza absoluta de uma coisa. Nós sabemos que "...todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito".

Sua vida, com seus picos e vales, é uma narrativa escrita e desenhada por um Deus bom, que está trabalhando com a sua bondade suprema.

Deus, em outras palavras, não está fazendo um plano à medida que o tempo passa. Ele também não deu corda no relógio e foi embora. "...o Altíssimo Deus tem domínio sobre o reino dos homens, e a quem quer constitui sobre ele." (Daniel 5:21). Ele "...julga; a um abate, e a outro exalta" (Salmo 75:7). "Não retrocederá o furor da ira do Senhor, até que ele tenha executado, e até que tenha cumprido os desígnios do seu coração." (Jeremias 30:24). Veja esses verbos: Deus domina, julga, executa, cumpre. Essas palavras confirmam a existência planos celestes detalhados. Esses planos incluem você. "Nele... também fomos feitos herança... conforme o propósito daquele que faz todas as coisas segundo o conselho da sua vontade" (Efésios 1:11).

Eu vi um exemplo desse processo na nossa cozinha um dia desses. Minha intenção era bater um papo com a minha esposa, Denalyn. Ela ia fazer um bolo para o aniversário de alguém e me garantiu que poderia conversar e cozinhar ao mesmo tempo. Então eu falava e ela cozinhava. Mas conforme ela cozinhava, eu parei de falar.

Denalyn se movia pela cozinha como uma abelha rainha em sua colméia. Ela pegava caixas nas prateleiras, travessas na despensa, ovos com uma mão e manteiga com a outra. Tudo isso sem parar para olhar.

Ela posicionou os ingredientes e utensílios sobre a mesa como um cirurgião faria com seus instrumentos. Uma vez que estava tudo em seu devido lugar, lá foi ela. Ovos quebrando, garfos caindo. Mexe isso, agita aquilo. Coloca o leite. Mede o açúcar. Peneira, mistura e bate. Ela era uma núvem de mãos e cotovelos, a Cleópatra da culinária, o Da Vinci da cozinha.

Ela colocou a travessa no forno, ajustou a temperatura para 350 graus, enxugou as mãos com uma toalha, virou para mim e disse as palavras que eu ansiava por ouvir: "quer lamber a panela?". Eu me ajoelhei aos seus pés e pedi a sua bênção. Bom, talvez não. Mas eu lambi a panela, a espátula e as hastes da batedeira. E fiquei pensando se o trabalho de Denalyn na cozinha seria uma figura do trabalho de Deus em nós.

Todas as mudanças, demissões, feridas, rompimentos e fugas. Dificuldades e oportunidades. Peneirados, agitados e assados no forno. Deus sabe, nós já sentimos o calor. E estamos imaginando se os ingredientes escolhidos por Ele resultarão em algo digno de ser servido.

Quando pensar nisso, lembre-se: em um momento anterior aos momentos, seu Criador olhou para o futuro e viu as necessidades e ansiedades da sua geração. Ele colocou e está colocando em você tudo o que você precisa para cumprir os planos dEle. "Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus antes preparou para que andássemos nelas." (Efésios 2:10).

Se isso não for bom, eu não sei o que é!*


*No original "If that doesn’'t take the cake, I don't know what does". O autor usou a expressão com a palavra "cake" (bolo) para fazer um trocadilho com o texto.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Deus, Stephen Hawking e o Tempo

Há alguns dias atrás eu estava em casa jantando, quando comecei a procurar algo pra ver na TV enquanto matava quem estava me matando...

Passando pelos canais, vi que em um deles (não me lembro ao certo se era o History ou o Discovery Channel) estava exibindo um programa com o título "Deus existe?". Deixei lá mesmo pra ver o que estava rolando.

Vi que se tratava de um documentário sobre os últimos trabalhos publicados por Stephen Hawking. Pra quem nunca ouviu falar dele, basta dizer que é um cientista britânico e, certamente, uma das mentes mais brilhantes que a humanidade já produziu.


Pois bem, o documentário já estava no fim e o narrador estava falando sobre a conclusão do trabalho. Trocando em miúdos, ele dizia que Hawking chegou à conclusão de que Deus não existe pelo simples fato de que, antes do Universo existir, não havia o Tempo; e o se não havia tempo, não houve um momento necessário onde Deus ou quem quer que seja pudesse fazer algo, pois não havia nada e nem ninguém...

Eu ri! Sério mesmo, não agüentei, caí na risada.

Fala sério! O cara passou a vida inteira estudando, pensando, foi fundo no estudo de teorias físicas e astrofísicas diversas, se tornou um dos caras mais respeitados do meio cientifico, escreveu obras importantíssimas, ganhou o respeito de todos... Tudo isso pra tentar prender Deus ao tempo? Francamente, esperava algo mais elaborado.

Deus não está limitado a nada, inclusive ao espaço e muito menos ao tempo. O agora já foi, ainda será e está sendo, tudo ao mesmo tempo. Isso colocando em palavras humanas, pois nós sim estamos presos a essas dimensões. Sabe-se lá como a coisa toda acontece para o Criador.

Apocalipse 13:8 diz que o Cordeiro (Jesus) foi morto antes da fundação do mundo. Ora, mas não foi há 2.000 anos atrás? Foi... também! Mas havia sido desde sempre, desde a eternidade. A eternidade nunca começou, não tem meio e nem fim. Logo, é impossível para mente humana pontuar em um instante qualquer algo que é eterno. Simples assim.

Rejeitar isso ou julgar incompreensível não o torna menos verdadeiro.

Alguns trabalhos de Hawking na década de 80 assumiam a existência de Deus, pois identificavam pontos onde apenas o Criador poderia responder certas perguntas. É uma pena que ele tenha mudado de ideia tão drasticamente. Afinal, ciência e crença não têm porque caminharem separadas.

Aproveito para deixar o link de uma apresentação minha sobre Evolucionismo e Criacionismo onde dou uma pincelada sobre a teoria dos buracos negros (uma das bases dessas conclusões de Hawking), dentre outros tópicos interessantes:


Abraços!

terça-feira, 8 de novembro de 2011

De cara nova!

Esse post será bem breve, apenas para informá-los de que este blog está de cara nova!

As atividades por aqui estiveram bem paradas durante um longo tempo... o último post foi em fevereiro! Mas vamos ver se consigo fazer a roda girar novamente.

As postagens antigas continuam disponíveis, claro. Talvez pra quem nunca esteve por aqui, possa ser uma oportunidade de conhecer esse meu singelo espaço.

Um abraço a todos!

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Tirando o “eu” diante dos seus olhos

Por Max Lucado

"Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros superiores a si mesmos. Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros.” (Filipenses 2:3-4)

O amor constrói relacionamentos; o egoísmo os destrói. Não é de se admirar que Paulo seja tão enfático em seu apelo: “Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade”.

Mas nós não nascemos egoístas? E se nascemos, o que podemos fazer quanto a isso? Podemos tirar nossos olhos do nosso “eu”? Ou, melhor dizendo, podemos tirar o nosso pequeno “eu” de diante dos nossos olhos?

De acordo com as Escrituras, podemos.

“Se por estarmos em Cristo nós temos alguma motivação, alguma exortação de amor, alguma comunhão no Espírito, alguma profunda afeição e compaixão, completem a minha alegria, tendo o mesmo modo de pensar, o mesmo amor, um só espírito e uma só atitude.” (Filipenses 2:1-2)

O sarcasmo de Paulo é ligeiramente velado. Há alguma motivação? Alguma consolação? Alguma comunhão? Então sorria!

Qual é a cura para o egoísmo?

Tire o seu “eu” de diante dos seus olhos tirando os seus olhos do seu “eu”. Pare de ficar contemplando esse pequeno “eu” e foque no seu grande Salvador.

Não foque em você mesmo; foque em tudo o que você tem em Cristo. Foque na motivação em Cristo, na consolação de Cristo, no amor de Cristo, na comunhão do Espírito, no aconchego e compaixão do Paraíso.

Se Cristo se tornar o nosso foco, nós não seremos como um certo médico do Arcansas. Ele diagnosticou uma paciente erroneamente e a declarou como morta. A família foi informada e o marido ficou extremamente pesaroso. Imagine a surpresa da enfermeira quando ela descobriu que a paciente estava viva! “É melhor você contar à família”, avisou ao médico.

O embaraçado médico ligou para o marido dela e disse: “Preciso falar com você sobre a situação da sua esposa”.

A situação da minha esposa?”, ele perguntou. “Ela está morta!”.

O orgulho do médico permitiu apenas que ele dissesse: “Bem, ela teve uma ligeira melhora”.

Ligeira melhora? Isso que eu chamo de atenuar as coisas! Lázaro está caminhando para fora do túmulo e ele chama isso de “ligeira melhora”?

Ele estava tão preocupado com a sua imagem que perdeu a oportunidade de celebrar. Podemos rir, mas não fazemos o mesmo? Nós viemos do crematório para a celebração. Merecíamos um banho de lava, mas ganhamos uma piscina cheia da graça de Deus.

No entanto, ao olhar para as nossas faces você diria que tivemos apenas uma “ligeira melhora”. “Como está a vida?”, alguém pergunta. E alguém que foi ressurreto da morte diz: “Bem, as coisas poderiam estar melhores”. Ou “Não consegui vaga no estacionamento”. Ou “Meus pais não me deixam mudar para o Havaí”. Ou “As pessoas não me deixam sozinho para que eu possa terminar o meu sermão sobre egoísmo”.

Honestamente, nós nos preocupamos com coisas insignificantes. Você não acha que Paulo está falando conosco? Você está tão focado naquilo que não tem que está cego para aquilo que tem? Você recebeu alguma motivação? Alguma comunhão? Alguma consolação? Se sim, você não tem motivos para se alegrar?

Venha. Venha sedento. Beba um grande gole da bondade de Deus.

Você tem uma passagem para o céu que nenhum ladrão pode roubar,
um lar eterno que nenhum divórcio pode destruir.

Todo pecado da sua vida foi lançado ao mar.
Todo erro que você cometeu está pregado na cruz.

Você foi comprado pelo sangue e feito cidadão dos céus.
Um filho de Deus – salvo para sempre.

Então seja grato, alegre-se – afinal, isso tudo não é a mais pura verdade?
O que você não tem é muito menor do que o que você tem.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Religiosos, mas (ou logo) distantes do Pai

"O Senhor diz: 'Esse povo se aproxima de mim com a boca e me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. A adoração que me prestam é feita só de regras ensinadas por homens. Por isso uma vez mais deixarei atônito esse povo com maravilha e mais maravilha; a sabedoria dos sábios perecerá, a inteligência dos inteligentes se desvanecerá'”. (Isaías 29:13 e 14)

Esse texto foi escrito por volta do ano 700 AC. Simplesmente por isso, já seria de se admirar o quanto a Palavra de Deus é sempre atual, não importa quanto tempo passe! Há três coisas mencionadas nesses versículos que eu gostaria de comentar:

  1. Religiosidade: O Senhor diz que o povo está oferecendo uma adoração falsa, apenas da boca pra fora. É algo apenas para cumprir tabela, talvez para provar algo para os outros, para mostrar uma imagem de si que não condiz com o seu interior. Será que muitas vezes não somos assim? Será que, por vezes, não vamos à igreja para cumprir tabela, não cantamos apenas pra mostrar que está tudo bem, etc? A religiosidade oferece uma receita de bolo para "servir" a Deus, mas é incapaz de proporcionar uma vida de intimidade com Ele.
  2. Regras humanas: Em seguida, Ele diz que o povo oferece uma "adoração" que é feita apenas por regras humanas. Não é assim que muitos de nós somos levados a viver? Quantas das supostas "regras" da igreja tem real fundamento bíblico? E não vamos falar apenas de regras de conduta ("pode e não pode"), mas também "regras" de adoração, liturgia, estudo da Palavra, etc. Ora, se a nossa adoração é dirigida a Deus, não deveríamos procurar saber o que Ele espera, ao invés do que os homens determinam? 
  3. O fim da sabedoria humana: Por último, o Senhor diz que a sabedoria e a inteligência humana vão, ambas, pro brejo. Pode-se aqui cogitar muitas interpretações, fazer uma profunda exegese, mas... sejamos simples! Em I Coríntios 3:10-15 o apóstolo Paulo diz que toda obra que é feita sem ter fundamento em Jesus será queimada, como madeira, feno ou palha. Isso significa que tudo o que é feito sem Cristo, inclusive a nossa adoração a Ele, não permanece. Por mais bonito que seja, rebuscado, reverente, eloquente, preparado...
Eu fiz um post há um tempo atrás chamado "Aprendendo com quem sabe", que fala um pouco sobre isso também.  Se já estamos carecas de saber que devemos buscar em Deus e na sua Palavra a sabedoria que permanecerá eternamente, porque insistimos em buscá-la em homens? Por que as igrejas continuam montando pacotes de regras, conceitos e entendimentos prontos e mastigados, ao invés de levarem seus membros a buscarem tudo isso no Pai? É tempo de cada um de nós conhecer a Deus pessoalmente e parar de viver das experiências e conhecimentos dos outros.

Que Ele tenha misericórdia de nós e que, de fato, a sabedoria dos sábios pereça e a inteligência dos inteligentes desvaneça.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Cedo vem

"Revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu para mostrar aos seus servos o que em breve há de acontecer... Feliz aquele que lê as palavras desta profecia e felizes aqueles que ouvem e guardam o que nela está escrito, porque o tempo está próximo." (Apocalipse 1:1-3)

Penso que muitas vezes esse texto, situado no início do livro de Apocalipse, possa trazer uma certa confusão na mente de muitos. Afinal, como entender o conceito de "breve" e "próximo" em um texto escrito há dois mil anos atrás? Se o tempo estava próximo naquela época e até agora "nada aconteceu", como crer nesta mensagem?

Nada mais simples! Vamos ver um texto um pouco mais adiante:

"Eis que venho como ladrão! Feliz aquele que permanece vigilante e conserva consigo as suas vestes, para que não ande nu e não seja vista a sua vergonha.” (Apocalipse 16:15)

Como um ladrão age? Avisa antes? Agenda um horário? É claro que não! Ele vem de repente, quando menos se espera. E ai daquele que estiver despreparado!

É assim que o Senhor quer que vivamos: como se a vinda dEle fosse ocorrer daqui a poucos instantes. Devemos viver na expectativa da volta do Cristo. Durante toda a história da Igreja, para todas as gerações que leram esse texto, a mensagem é a mesma: o tempo está próximo!

Mas por que isso? Ora, porque o Senhor conhece o gênero humano. Se soubéssemos de antemão o momento exato da sua volta, viveríamos do jeito que desse na nossa cabeça e, quem sabe, alguns momentos antes da sua volta, pediríamos perdão por tudo e subiríamos aos Céus com aquele óleo de peroba tinindo no rosto.

Não é isso que Ele quer! Ele deseja que nos preparemos, que nos santifiquemos, que estejamos prontos a qualquer momento. Viver na expectativa da volta de Jesus não é ser perfeito, senão ninguém subiria com Ele. Mas é viver sempre diante dEle, reconhecendo nossa condição de pecadores e lançando essa condição aos pés dEle, clamando por seu Sangue sobre nossas vidas.

Por isso a Igreja é comparada, na Bíblia, a uma noiva. A noiva se enfeita, se perfuma, escolhe a melhor roupa... enfim, a Noiva se prepara para encontrar o Noivo! Que estejamos, como Igreja, Noiva de Cristo, preparados para nosso encontro com Ele... que está próximo! E quem for pego despreparado, segundo o texto acima, será envergonhado.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Como seria o Brasil no futuro?


Conheça a visão de Stefan Zweig sobre o Brasil de 1941 - e alguns dos prognósticos do escritor para o País

Patrick Cruz, iG São Paulo | 28/01/2011 05:50

O escritor austríaco Stefan Zweig publicou, há 70 anos, o livro "Brasil, País do Futuro", obra que cunhou a expressão - que, para o bem ou para o mal, transformou-se no lugar-comum até hoje usado para definir o Brasil. Em tom ufanista, a obra discorre sobre as possibilidades que o País tinha, na visão do autor, de se desenvolver de modo diferente do ocorrido na Europa, que naquele momento (1941) era assolada pela II Guerra Mundial.

O livro não foi elaborado como um exercício de futurologia - o próprio autor apressa-se em afirmar que para ele não seria possível "expender conclusões definitivas, predições e profecias sobre o futuro econômico, financeiro e político do Brasil". Ainda assim, a obra tem lá os seus prognósticos. Conheça alguns dos pontos de vista de Stefan Zweig sobre o País em 1941 - e em quais, 70 anos depois, ele foi certeiro.

1. Favelas
Trecho do livro: “Algumas das coisas singulares, que tornam o Rio tão colorido e pitoresco, já se acham ameaçadas de desaparecer. Sobretudo as ‘favelas’, as zonas pobres em plena cidade. Será que ainda as veremos daqui a alguns anos?”

Foto: Reprodução
Praia de São Conrado, início do século XX

Como é hoje: Mais de 1 milhão de moradores vivem em 1.020 favelas na cidade do Rio de Janeiro, segundo dados oficiais. No Brasil, o número de pessoas que moram em favelas caiu 16% nos últimos dez anos – foram dez milhões de favelados a menos no período, de acordo com a ONU.

Foto: Reprodução
Praia de São Conrado em 2010. No centro, a favela da Rocinha


2. Demografia
Trecho do livro: “Há (no Brasil) possibilidade de viver um número de habitantes que um fantasista talvez calcule melhor do que um estatístico. (...) (O País, que) hoje conta cinquenta milhões de habitantes, poderia comportar quinhentos, setecentos ou novecentos milhões (e isso) fornece uma base para se avaliar o que o Brasil poderia ser daqui a um século, talvez já daqui a alguns decênios (...)”

Foto: Reprodução
Rua dos Andradas, ou Rua da Praia, em Porto Alegre, no início do século XX

Como é hoje: No trecho, Zweig não quis fazer uma previsão, mas discorrer sobre o potencial que o enorme território brasileiro tinha de abrigar mais gente. Ainda assim, se tivesse hoje 900 milhões de pessoas, o País seria o terceiro mais populoso do mundo. Com 190 milhões, ele é o quinto.

Foto: Reprodução

Rua dos Andradas, ou Rua da Praia, em Porto Alegre, em 2010


3. Inclusão social
Trecho do livro: “(...) Milhões de pessoas não foram abrangidas nem no ponto de vista dum trabalho regulado, organizado, fiscalizado, nem no ponto de vista da civilização, e ainda decorrerão anos e decênios antes que elas possam ser ativamente incluídas na vida nacional."

Foto: Reprodução
A quadro Despejados, de Cândido Portinari, de 1934

Como é hoje: A presidenta Dilma Rousseff assumiu o cargo com a promessa de erradicar a miséria extrema (segundo os critérios do Bolsa Família, são miseráveis as pessoas que vivem com renda de ate R$ 2,30 por dia) no País. Mesmo passados 70 anos da publicação do texto de Zweig, ainda há 5,3 milhões de famílias nessa situação.

Foto: Agência Estado
Membros de uma família de Verdejante, no sertão de Pernambuco


4. Recursos naturais
Trecho do livro: “Só o futuro desvendará o que possibilidades latentes, de minerais, existem no solo. Só uma coisa é certa: é que os maiores depósitos de ferro do mundo, ainda intactos, são suficientes para abastecer durante séculos todo o globo terrestre. Dificilmente falta a este possante país uma espécie de minério, de rocha ou espécie vegetal.”

Foto: Reprodução
Oscar Cordeiro, pioneiro da exploração do petróleo no Brasil, em 1938

Como é hoje: “Brasil, País do Futuro” foi publicado em 1941, apenas dois anos depois da descoberta de petróleo em território brasileiro – e 12 anos antes da criação da Petrobras. O País é hoje o segundo maior produtor mundial de minério de ferro e tem 20% das reservas globais, a maior fatia entre os países produtores.

Foto: Selmy Yassuda

Extração de petróleo da camada pré-sal no campo de Tupi, na bacia de Santos


5. Logística
Trecho do livro: “Ao vencer (com os avanços da aviação) as enormes distâncias do seu gigantesco território, essa magna dificuldade do problema econômico do Brasil já estará propriamente resolvida no ponto de vista teórico e em via de resolução no ponto de vista prático.”

Foto: Agência Estado
Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, em sua inauguração, em abril de 1936

Como é hoje: No Brasil, quase 60% da cadeia de transportes ainda é rodoviária. Os gargalos logísticos (com má conservação das estradas, sobrecarga de portos e aeroportos e pouco aproveitamento do potencial hidroviário e ferroviário) aumentam em até 30% o preço de um produto nas prateleiras devido aos gastos com transporte.

Foto: Agência Estado
O aeroporto de Congonhas, em São Paulo, em imagem recente


6. Desigualdade social
Trecho do livro: “Essas famílias antigas — para serem antigas basta que aqui existam há cem anos — ainda não foram em seu predomínio cultural deslocadas por uma nova aristocracia da riqueza, porque elas mesmas em grande parte são ricas e aqui as diferenças são muito menos sensíveis do que entre nós na Europa.”

Foto: Agência Estado
Obras em rua do centro de São Paulo em 1939

Como é hoje: No relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) que apura o índice de desigualdade social, divulgado em julho de 2010, o Brasil aparece em décimo entre os mais desiguais em uma lista com 126 países. Na América Latina, o Brasil fica atrás apenas de Haiti e Bolívia entre os mais desiguais.

Foto: Agência Estado
Residências da favela de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo; ao fundo, edifícios de luxo do bairro do Morumbi


7. Ascensão da classe média
Trecho: “Por cima dessa massa amorfa espalhada por todo o país, a qual, em grande parte, analfabeta e, em seu padrão de vida, próxima do ponto zero (...), ergue-se, aspirando intensamente a elevar-se e sempre crescente em sua influência, a classe média dos pequenos cidadãos, a classe média rural (...)”

Foto: Agência Estado
Carros na Praça Vidal de Negreiros, em João Pessoa, em 1930

Como é hoje: Em setembro de 2010, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) atestou: pela primeira vez, a classe média (com renda familiar mensal entre R$ 1.126 e R$ 4.854) passou a representar mais de 50% da população do País. O número de pessoas na classe C chegou a 94,9 milhões em 2009.

Foto: Agência Estado
Consumidores em feirão de automóveis: o aquecimento da indústria automobilística tornou-se um dos símbolos da ascensão da classe C


8. Mobilidade urbana no Rio de Janeiro
Trecho do livro: “Será que também os velhos bondes abertos irão desaparecer e ser substituídos por bondes modernos, fechados? Seria muito de lastimar (...). Que espetáculo, do qual nunca nos cansamos, oferecem esses bondes abertos superlotados, em cujos estribos homens vão dependurados como pingentes!”

Foto: Getty Images

Bonde no Rio de Janeiro na década de 1940 com homens "pendurados como pingentes"

Como é hoje: Para o lamento de Zweig, os bondes sumiram – mas não os homens pendurados como pingentes. O quesito transporte é uma das principais preocupações para a realização da Copa de 2014 e da Olimpíada de 2016 na cidade.

Foto: Getty Images

Mulher com criança em trem do Rio de Janeiro, em imagem de dezembro de 2009


9. A acelerada São Paulo
Trecho do livro: “(...) para descrever São Paulo (eu) precisaria ser estatístico ou economista. Às vezes tem o visitante a impressão de não estar numa cidade, mas sim num enorme local de construção. (Ele segue planos) que, dada a rapidez vertiginosa de crescimento da cidade, durante a sua execução já se mostram insuficientes.”

Foto: Agência Estado

O Mercado Municipal de São Paulo e seu entorno quase vazio

Como é hoje: São Paulo segue como propulsor do aquecido mercado imobiliário brasileiro. Os lançamentos de imóveis residenciais na cidade somaram 34 mil em 2010, ou 30% a mais que o registrado apenas quatro anos antes, segundo o Secovi-SP, o sindicato das empresas do setor.

Foto: Reprodução

O Mercado Municipal de São Paulo e o entorno atual, totalmente tomado por imóveis


10. Belém, uma nova gigante
Trecho: “Em Belém, dentro de poucos anos, surgirá, terá que surgir um dos grandes centros nervosos da América do Sul, e, sobretudo quando as imensas regiões do Amazonas tiverem sido exploradas, realizar-se-á grandiosamente o sonho que Belém teve outrora, o de tornar-se uma grande capital.”

Foto: Reprodução
Praça do Relógio, em Belém, na década de 1940

Como é hoje: Em 1940, Belém era a oitava cidade mais populosa do País, com 207 mil habitantes, número que representava 22,4% da população total do Pará. Em 2011, Belém é a 11ª cidade mais populosa do País, com quase 1,4 milhão de pessoas, ou 18% do número de residentes no Estado.

Foto: Reprodução
Praça do Relógio, em Belém, em imagem recente


11. “Recife, cidade modelar”
Trecho do livro: “O prefeito da cidade está dando cabo dos mocambos, as choças de pretos, que acho tão românticas, e — tentativa muito digna de nota, fazendo construir para os proletários casas próprias. Eles recebem (...) casinhas claras, e aprazíveis, com luz elétrica e boas instalações sanitárias; daqui a alguns anos ou decênios Recife será uma cidade modelar.”

Foto: Reprodução
Uma organizada rua periférica do Recife em meados da década de 1940

Como é hoje: O déficit habitacional de Pernambuco é de 274 mil moradias, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do IBGE, com dados referentes a 2009; mais de 60% desse contingente concentra-se no Recife e região metropolitana. O déficit pernambucano atinge 9,9% das famílias do Estado, pouco acima da média nacional, de 9,3%.

Foto: Reprodução
Palafitas no Recife, em imagem de 2010


12. A fisionomia inerte de Salvador
Trecho do livro: “A Bahia é uma cidade conservadora, uma cidade fiel à tradição: (...) através dos séculos, conservou íntegra, exteriormente, sua fisionomia e, interiormente, sua tradição. A quem se aproxima da Bahia pelo mar, não se apresenta ela diferente do que o fazia no tempo dos vice-reis e dos imperadores.”

Foto: Reprodução
Salvador vista a partir da Baía de Todos os Santos na época em que, como notou Stefan Zweig, a fisionomia da cidade ainda mudava muito lentamente

Como é hoje: A visão de uma Salvador virginal, ainda exclusiva de prédios coloniais para quem a avista da Baía de Todos os Santos, já não é a mesma descrita por Zweig. Aos prédios históricos já se soma uma coleção de espigados arranha-céus.
Foto: Agência Estado
Salvador vista a partir da Baía de Todos os Santos: a fisionomia da cidade não conservou sua integridade dos séculos passados, como descreveu Stefan Zweig

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Para que serve Deus

Semana passada terminei a leitura do último lançamento do autor Philip Yancey, intitulado "Para que serve Deus". Quem me conhece sabe que este é um dos meus autores favoritos, logo não pude deixar de conferir esta obra, de nome tão peculiar. Queria muito ter ido ao lançamento no Brasil, realizado na última Expo Cristã, onde o próprio Philip esteve palestrando, porém o dia/hora não ajudou muito (um dia de semana - quinta-feira, se não me engano - à tarde).

Minha admiração pelo autor começou com o livro "Decepcionados com Deus". Costumo dizer que, depois da Bíblia, este foi o livro que mais impactou e mudou a minha vida, pela pura identificação que encontrei com a forma com que o autor abordou o assunto e pela habilidade dele em demonstrar a graça de Deus em situações onde ela parece ter desaparecido. Depois desse li também "Alma Sobrevivente" e "Perguntas que precisam de respostas", todos igualmente edificantes.

Neste último livro, não foi diferente. Ele menciona 10 situações extremas, as quais ele acabou  envolvido de alguma forma. Em cada capítulo, após citar e comentar o evento, ele relata também uma palestra que ele tenha dado sobre o assunto.

O livro começa com um acidente de carro que ele próprio sofreu em 2008 e que quase lhe custou a vida. Depois ele entra em eventos como o massacre de Georgia Tech, 11 de setembro, os atentados de Mumbai, a perseguição aos cristão na China, a luta dos Alcoólicos Anônimos, dentre outros. Me admirou o quanto ele "mergulhou" nesses assuntos, em alguns casos literalmente; no caso de Mumbai, ele estava na capital quando os atentados começaram e só escapou ileso porque, horas antes da invasão pelos terroristas, foi convidado para ser hóspede de uma família que vivia no subúrbio da cidade. Cerca de 300 pessoas morreram naqueles dias.

Em minha humilde avaliação, o livro é excelente. Alguns podem torcer o nariz com o título, achar que é uma afronta, que é muita pretensão dizer algo desse tipo... mas, se você acha que esse tipo de pré-julgamento é dispensável, sem dúvida é uma leitura que vale a pena. Ao contrário do que muitos pensam, o autor demonstra uma fé muito sólida, sedimentada, fundamentada e inabalável. Ele consegue enxergar a graça de Deus em lugares e situações onde muitos cristãos "virtuosos" ficariam sem saber pra onde correr.

Fica aí a dica!