sábado, 19 de junho de 2010

Quatro anos em alguns dias

Como o tempo passa, não? Às vezes paramos e nos damos conta em quantas coisas aconteceram em um espaço curto de tempo, ou mesmo nos lembramos de algo que parece ter acontecido "ontem", mas que, na verdade, já está distante no tempo.

Hoje é um dia onde penso especialmente nessas coisas. Neste dia faz 4 anos que a minha querida mãe nos deixou. Não vou dizer que hoje a dor é maior ou diferente do que nos outros dias. De certa forma, aprendi a conviver com essa lembrança diária. Sem exageros, não há um dia sequer em que não me lembre dela, não me lembre de algo bom, ou de algo ruim e ligado à sua partida. E hoje não é diferente... na verdade, é bem igual. A primeira coisa que lembrei ao acordar foi: "nossa, já se passaram 4 anos".

Me lembro de tudo como se tivesse acontecido na semana passada. O trauma gerado em mim por tudo aquilo que ela passou (e por tudo o que sofri com isso) deixou cicatrizes profundas. E, como toda cicatriz, não dói... mas às vezes incomoda... e sempre traz a lembrança daquilo que a gerou.

O meu inconsciente (ou subconsciente, sei lá) também trata de sempre me lembrar. Sonho frequentemente com ela. Alguns sonhos são perturbadores, como quando a vejo meio que "voltando" nosso convívio, ou dizendo coisas sobre tudo o que aconteceu. Outros são até agradáveis, quando a vejo participando conosco de bons momentos. Prefiro esses últimos, claro. Dão uma sensação esquisita, mas boa, de ter matado um pouquinho das saudades...

Quando me diziam que a dor ia passar, mas que a saudade só aumentaria, eu sinalizava com a cabeça em concordância, mas no fundo não acreditava muito nisso. Achava que a dor nunca passaria e que seria impossível a saudade ser maior do que já era. Grande engano meu. A dor passou sim (embora o choro às vezes apareça), mas a saudade já está do tamanho de um oceano e, de fato, não pára de crescer.

Me lembro muito de coisas que devia ter dito à ela, ou outras que não devia nem em sonho. Penso em coisas que podia ter feito, em fatos que podia ter compartilhado, em lugares que ela podia ter conhecido. Penso que a privei de ter conhecido melhor a Érica. Coisas que, é óbvio, não são "consertáveis", mas que servem de aprendizado e experiência. Afinal, dizem que persistir no erro é burrice.

Me sinto extremamente privilegiado por ter tido a mãe que eu tive. Com todas as suas limitações, sem dúvida ela fez um trabalho magnífico ao criar a mim e ao meu irmão. Conduziu nossa casa sozinha, quando até a sua própria mãe (minha avó) negou auxílio. Sem dúvida, posso ver hoje o quanto Deus preservou, guardou e proveu em nosso lar.

O que guardo hoje comigo, além de todas as boas lembranças que tenho, e apesar das ruins que permanecem, é todo o legado que ela incutiu em mim. De caráter, retidão, luta e persistência. Espero ser tão marcante na vida dos meus filhos quanto ela foi na minha.

E deixo também um "toque" para quem ainda tem os seus pais presentes. Curta-os muito. Abrace-os sempre. Diga que os ama. Leve-os para passear. Dê presentes. Honre-os. Lhes dê orgulho. Orgulhe-se deles. Você pode achar que estou sendo demagogo, ou ainda que estou falando como um "velho", ou algo assim. Mas te digo sem sombra de dúvida: se você deixar essa oportunidade passar, pode vir um dia onde vai desejar tê-la aproveitado melhor, mas aí já será apenas um desejo vago na sua mente e impossível de ser consumado.

4 comentários:

Unknown disse...

Faço minhas suas palavras.
[]´s

seu irmão.

Gui & Li disse...

Pensamos também: "nossa, já se passaram 4 anos"!!!!

Sua dor é a nossa dor, amigo. Amamos você e é inevitável não ver nossas lágrimas rolarem lendo isso e lembrando de tudo. E é inevitável não louvar a Deus por tudo de bom que Ele fez através dela. Como Ele é bom!!!

Seu conselho tá anotado.

Abraço forte,

Gui & Li

Elder Moraes disse...

Obrigado pelos comentários e pelo carinho, pessoal.

Adriano disse...

Olá Elder!
Acho que sei o que sente (ou pelo menos em parte). Lembro que há quatro anos gastei um dinheiro aparentemente "desnecessário" para encher o tanque do carro e pagar alguns pedágios, apenas para ir ao interior de SP assistir um jogo da copa junto com meu pai, em sua casa. Não fez muito sentido na época. Nessa copa de 2010 parece que fez.
Bons conselhos.

A vida é - realmente - um vapor que se desvanece...

Abração!

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